A Capela de Nossa Senhora do Rosário

A Capela de Nossa Senhora do Rosário, também conhecida por capela da Fundoa, situa-se no Sitio da Fundoa de Cima, na margem direita da Ribeira de Santa Luzia (ou Ribeira da Fundoa).

Esta capela foi construída por João da Paz de Castro, no ano de 1668. No que respeita ao nome do seu fundador e ao ano da sua fundação parecem não restar dúvidas, uma vez que podemos ler, no “adro”, sob uma roseta sextafólica, a seguinte inscrição: « FUND. POR J. DA PAZ DE CASTRO EM 1668».

No alvará de 1 de setembro de 1668, dado pelo vigário Geral, o licenciado Simão Gonçalves Sidrão podemos ler: «Alvará de 1 de Setembro de 1668, dado pelo vigário (…) a João da Paz de Castro (…)», que «tinha feito e fabricado na sua quinta onde chamão a Fundoa hua ermida da invocação de Nª Sª do Rosário», dotada de foro e pensão anual para sempre, «na mesma quinta da Ribeira da Fundoa onde a mesma ermida esta situada, para levantar altar (…)».

Este pequeno templo quarado assenta numa planta longitudinal, sensivelmente segundo a orientação Este/Oeste. Possui um alpendre rectangular com empedrado e calhau rolado preto e branco. A ela, encosta-se, para Sul, a sacristia.

Temos assim uma espécie e dois volumes, articulados na horizontal, com cobertura diferenciadas de duas e três águas. De referir que a sacristia é o prolongamento da capela, ambas com beirais duplos na fachadas laterais e simples na posterior e no alpendre.
A fachada principal está virada para Oeste e a apresenta um embasamento pintado a vermelho, que se estende a todo o edifício. O portal é de cantaria aparente, de pilastras e com bases e capiteis ressalvados. Possui também arco de volta perfeita, terminando por chave ressalvada, enquadrado por fina faixa de cantaria que define, com o lintel e com balanço, espelhos semi-triangulares de alvenaria pintada.

Na vertente virada para Sul esta uma pequena pia de água benta, bem como a porta da sacristia em alvenaria pinada a vermelho, que se situa já fora do alpendre.

A capela termina em empenada aguda, encimada por uma Cruz de Cristo, também em alvenaria. O campanário é igualmente em alvenaria pintada a branco, em arco de volta perfeita, assenta azul entre a capela e sacristia.

Como já foi referido anteriormente, a capela possui um alpendre que nasce sobre a porta. Este alpendre é em madeira, com telhado e assente em quatro barras de ferro.

A fachada virada para Norte apresenta uma janela envolvida por uma moldura de cantaria pintada a vermelho, que servia para iluminação da capela. De referir que virada para Sul esta uma fresta rectangular, que servia para iluminar a sacristia.

Certamente ali se terão realizado muitas missas, e possivelmente uma festa no dia dedicado à sua padroeira, Nossa Senhora do Rosário. O dia reservado a esta evocação é a 7 de Outubro. Ali terão sido celebrados alguns casamentos, entre os quais o de António Ferraz e Maria Jorge, a 20 de abril de 1676; e o de Pascoal Gonçalves com Maria de Freitas, a 29 de Janeiro de 1680.

Hoje, a capela apresenta-se em visível estado de degradação e não parece estar programado nenhum projecto de restauração. A demolição está eminente. Urge tomar um conjunto de medidas que visem restaurar e cuidar todos os monumentos que expressão toda uma cultura do nosso povo, caso contrário corremos o risco de deixar cair no buraco da inexistência de um passado e de uma Historia local. A arquitetura religiosa merece ser tratada com o maior cuidado, e nela pode ser encontrado e explorado o filão para um novo tipo de turismo.

De referir que, além da degradação causada pelas forças da natureza, esta capela tem sido objecto das acções devastadoras do Homem. E, já no início do seculo XX, este templo foi saqueado: «furto dum sino na capela de Nossa Senhora do Rosario, da aludida freguesia [São Roque], cujos autores ainda estão por descobrir.»

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